Estamos começando uma série de entrevistas com profissionais e empreendedores que fazem diferença no mercado de Comex. Nossa primeira conversa é com Flamarion Tavares, que atua há 38 anos na área, e hoje trabalha no setor de importação na Logimex. Começou a carreira como despachante aduaneiro e ocupou os mais altos cargos executivos. Ele fala sobre as características necessárias para quem quer ter uma carreira de sucesso.
Em primeiro lugar, não basta ter uma graduação em Relações Internacionais, ou correlatas, falar idiomas. É preciso aprofundar muito os conhecimentos práticos para quem quer trabalhar, principalmente na área operacional do Comex, já que as regras e burocracias variam para cada país.
“O profissional tem que ser dinâmico, gostar do que faz. Não há inércia e o profissional deve ser manter atualizado o tempo todo. O mercado está carente de bons profissionais”, ressalta Flamarion Tavares,
Especialização constante
Flamarion sugere investir em qualificações como Direito, principalmente o Tributário. Economia, Administração e Contabilidade também são imprescindíveis ter conhecimento. Além do Direito Aduaneiro, que não é disciplina de nenhuma faculdade de Direito e nem há especialização, porém a aduana tem foro próprio e é importante que os profissionais se apropriem desse campo bem específico.
Desafios de trabalhar com o imprevisível
Flamarion conta que o cotidiano da profissão é bastante desafiador. Para aqueles que têm mais foco no comercial, o especialista destaca que é fundamental saber o que está vendendo, ter habilidade e perspicácia para prospectar novos mercados o tempo todo. Já para quem exporta, Flamarion conta que é fundamental ter noção da legislação e até da cultura do país que está negociando.
O especialista conta que o abate para judeus deve seguir princípios aos do Halal, a certificação Kosher (ou Kasher) é feita especificamente para atender consumidores judeus. Um rabino supervisiona o processo de abate de bois e aves e, assim como acontece na religião mulçumana, é um momento importante pois faz a conexão entre o homem e Deus através do alimento. “ Até o corte tem que ser com uma lâmina específica e o profissional precisa ter conhecimento de tudo isso para ter uma boa negociação”, exemplifica.
Outra curiosidade é que em reuniões sentar e cruzar as pernas pode ser lido como falta de objetividade e desinteresse. São exemplos de que estudar a cultura dos parceiros comerciais pode fazer muita diferença.
“Trabalhar com Comex é se preparar para tudo aquilo que ninguém imaginaria que ia acontecer. É uma carreira desafiadora e viciante”, aconselha.
Bom dia. Pode dar sugestões para aprofundar os conhecimentos. E se existe alguma outra certificação além da OEA que diferencial? Att.
Olá Guilherme. Certificações são importantes, mas acho que o diferencial de todo profissional vem do que chamamos de soft skills, que basicamente são competências comportamentais. Eu focaria nisso para desenvolver a carreira.
Segundo a pesquisa global Capgemini Digital Transformations Institute de 2017, dos 1.250 executivos entrevistados na pesquisa, as soft skills mais buscadas são:
– Foco no Cliente (65%): prestar bom atendimento e dedicar-se ao cliente;
– Colaboração (64%): cooperar com a equipe e na rotina de trabalho;
– Paixão por aprender (64%): sair da zona de conforto e ir em busca de novos conhecimentos;
– Habilidade Organizacional (61%): conhecimentos que o gestor precisa para compreender a complexidade da organização.
As hards skills (competências técnicas) estão se tornando cada vez mais comuns e niveladas. Além do mais, é mais fácil para uma empresa ajudar seus funcionários a desenvolver competências técnicas. Já as competências comportamentais, é muito mais complicado para uma empresa desenvolver, então eu focaria nelas.