A epidemia do coronavírus já impacta os resultados da economia e comércio mundiais. Cidades chinesas, grandes polos de produção e tecnologia, como a cidade de Wuhan, epicentro da doença, estão completamente paradas com o intuito de contenção da crise. As bolsas de valores mundiais já apresentam queda, assim como a produção industrial.
Em vias de se tornar uma epidemia global, é importante que as empresas que atuam no Comércio Exterior entendam a extensão dos impactos que podem ser gerados pelo coronavírus e se preparem para novas estratégias de produção e comercialização. Para tal, vamos abordar os impactos no comércio e economia internacionais, os impactos ao comércio exterior brasileiro (importações e exportações), além de sugestões aos empresários para gerenciar essa crise.
Impactos ao Comércio Internacional e à Economia Mundial
O surgimento do coronavírus na China impacta diretamente o comércio internacional como um todo, tendo em vista que o país ocupa o papel de “Oficina do Mundo”. É na China que se encontram os maiores conglomerados de produção industrial do mundo. A Cidade de Wuhan, epicentro da epidemia, é a sétima maior cidade do país, sendo responsável por quase 2% do PIB da China, além de receber investimentos de centenas de empresas estrangeiras.
Como produtora da maior parte dos produtos do mundo, sobretudo insumos industriais, a estagnação dos polos industriais do país asiático produz um efeito cascata no comércio internacional e por consequência na economia mundial de forma geral. Sua posição nas cadeias de produção – supply chain – já afeta algumas das maiores empresas do mundo, como a Apple que, ao anunciar que não conseguirá cumprir sua estimativa de receita para o primeiro trimestre, uma vez que sua produção está sendo afetada pela ausência de peças para seus eletrônicos, já perdeu US$ 26 bilhões em valor de mercado, uma queda de 1,83%.
As bolsas de valores de todo o mundo vêm sofrendo os impactos negativos da epidemia do coronavírus. Na segunda-feira, dia 24, a Down-Jones, bolsa de valores norte-americana, apresentou queda de 2,73%, enquanto a de Milão fechou com queda de 3,7% após novos casos do coronavírus terem sido identificados no país.
Impactos ao Comércio Exterior brasileiro
O coronavírus também pode impactar os resultados do Comércio Exterior brasileiro de forma indireta, por meio da elevação do preço do dólar, que nessa quinta-feira (27) encerrou a sessão com alta de 0,7%, cotado em R$ 4,475, e direta, com a queda do fluxo comercial. Esse impacto direto pode ocorrer tanto nas importações quanto nas exportações, uma vez que a China é nosso principal parceiro comercial.
Em 2019, foi o principal destino das nossas exportações, com participação de 28% do total de exportações. Além disso, também ocupa o 1° lugar nas importações brasileiras, com um total de 19,9% no ano passado. No entanto, apesar de impactar tanto as importações quanto as exportações, a perspectiva é de que esses impactos ocorram em graus diferentes.
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Importações:
Como já mencionamos, a China ocupa um papel de destaque no supply chain global, produzindo insumos essenciais à produção de diferentes indústrias. Um dos impactos já previstos pelas instituições brasileiras, como a Associação Brasileira de Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei), é a de queda na importação de máquinas e equipamentos para a produção industrial brasileira. O presidente da associação, Ennio Crispino, acredita que isso impactará a indústria brasileira como um todo, uma vez que ela é dependente da importação de muitos insumos da China, como máquinas.
Além da indústria brasileira, empresas importadoras sofrerão grande impacto com a epidemia do vírus. Como grande parte dessas empresas importa produtos chineses, a epidemia do coronavírus, somada à alta do dólar, irá elevar o preço dos produtos assim como a diminuição de sua oferta, já que muitas fábricas e polos industriais se encontram parados.
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Exportações:
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, anunciou no começo do mês de fevereiro que estima uma queda de pelo menos 3% nas exportações brasileiras, pois a China é o principal comprador das commodities do país e seu próprio crescimento econômico já foi impactado pelo coronavírus. Além disso, vale somar à epidemia a recente aproximação entre China e EUA, após o contexto de guerra comercial, que resultou em acordos econômicos que beneficiam, no setor agrícola, os EUA em detrimento do Brasil.
Outro fator que pode diminuir mais as exportações de commodities, como soja e seus derivados, para a China é o isolamento de algumas regiões do país asiático. Há lugares no país que, por conta da epidemia do coronavírus, encontram-se com dificuldade de acesso, o que já levou à mortandade de animais.
No entanto, apesar dessa expectativa de redução das exportações de commodities pelos entraves logísticos provocados pelo coronavírus, o setor deve sofrer menos impactos que o da importação, tendo em vista que a segurança alimentar é um assunto de extrema importância para o governo chinês e o Brasil ocupa posição estratégica como fornecedor de alimentos.
Gerenciando a crise: como reduzir os impactos à sua empresa
É certo que a epidemia do Coronavírus na China vai impactar sua empresa de alguma forma. Por isso, é importante ter atenção a alguns pontos que podem reduzir os impactos à sua receita:
- Informe-se. É importante estar atento a novos acontecimentos que podem impactar diretamente sua empresa;
- Mantenha contato próximo com seus parceiros comerciais chineses. Estabeleça contato frequente de forma a não ser pego de surpresa por acontecimentos inesperados, como a fábrica ser fechada, dentre outros;
- Diversifique seus fornecedores. Busque outros fornecedores na China ou em outros países de forma a garantir acesso ao bem desejado;
- Diversifique seus compradores. Busque novos clientes em outras regiões/países para reduzir o impacto da dependência de compradores chineses;
- Esteja atento às medidas tomadas pelo governo brasileiro. Mantenha-se informado sobre acontecimentos como novas barreiras sanitárias adotadas, dentre outros assuntos que impactam as operações de comércio exterior.
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