Ao longo da história, o avanço da tecnologia impactou a sociedade e seus setores, inclusive o de importação. Com isso, a discussão sobre a combinação entre homem e máquina se torna essencial para entendermos como a importação pode ser mais eficiente e lucrativa. Assim, surgiu o conceito de Importação 5.0.
Trata-se da integração de tecnologias avançadas, como inteligência artificial, automação e análise de dados, no processo de importação. Essa nova abordagem promete trazer maior eficiência, agilidade e precisão para as operações e une o trabalho do importador e da tecnologia para obter melhores resultados.
Neste artigo, você vai entender melhor o conceito de Importação 5.0 e refletir sobre o equilíbrio entre o uso da tecnologia e a importância do conhecimento humano nesse processo. Além disso, discutiremos os desafios e oportunidades que surgem com a importação 5.0.
Para entender esse conceito, primeiramente, é necessário entender um pouco sobre as Revoluções Industriais. Acompanhe!
As Quatro Revoluções Industriais e seus impactos no mercado de trabalho
Muito se discute sobre a substituição de pessoas por “robôs” ou máquinas em postos de trabalho, mas esse processo ocorre desde a Primeira Revolução Industrial. As Revoluções Industriais são marcos cruciais na história da humanidade que transformaram de forma radical a maneira como produzimos bens e serviços, impactando diretamente o mercado de trabalho.
Cada uma delas trouxe inovações tecnológicas significativas, alterando os tipos de empregos disponíveis e muitas vezes extinguindo ou criando profissões. Confira as quatro Revoluções Industriais e seus impactos nos empregos:
1. Primeira Revolução Industrial (Século XVIII e XIX)
A Primeira Revolução Industrial marcou o início da mecanização e da produção em larga escala. Máquinas a vapor, como a locomotiva a vapor e o tear mecânico, foram desenvolvidas. Os impactos nos empregos foram profundos:
Empregos extintos:
– Tecelões manuais: A introdução de teares mecânicos substituiu o trabalho manual de tecelões.
– Trabalhadores agrícolas: A mecanização agrícola reduziu a demanda por mão de obra no campo.
Empregos criados:
– Operadores de máquinas: A manutenção e operação de máquinas se tornaram profissões essenciais.
– Engenheiros mecânicos: A demanda por especialistas em manutenção e desenvolvimento de máquinas cresceu.
2. Segunda Revolução Industrial (Final do século XIX e início do século XX)
Caracterizada por avanços significativos, como a introdução da eletricidade, a produção em massa, o desenvolvimento do sistema ferroviário e a expansão da indústria química, essa fase impulsionou mudanças profundas na produção industrial e na organização econômica.
A globalização econômica ganhou força, as cidades cresceram com a urbanização acelerada, e novos métodos de produção tornaram os bens mais acessíveis. Veja alguns exemplos de impactos nos empregos:
Empregos extintos:
– Fabricação manual: A produção em massa eliminou muitos trabalhos manuais.
– Carregadores de carvão: A eletrificação reduziu a necessidade de carvão como fonte de energia.
Empregos criados:
– Linhas de montagem: A montagem em linha de produção criou demanda por operários especializados.
– Eletricistas: Com a eletrificação, a manutenção de sistemas elétricos tornou-se essencial.
3. Terceira Revolução Industrial (Meados do século XX até 2011)
A Terceira Revolução Industrial foi caracterizada pela automação e pela disseminação da eletrônica e da tecnologia da informação. Ela não apenas transformou processos industriais, como também redefiniu a natureza da economia global, impulsionando o surgimento de novos setores e modelos de negócios baseados em inovações digitais. Os impactos nos empregos foram profundos:
Empregos extintos:
– Caixas de banco: Os caixas humanos foram substituídos por caixas eletrônicos.
– Datilógrafos: A introdução de computadores pessoais tornou obsoleta a datilografia manual.
Empregos criados:
– Programadores de computador: A demanda por profissionais de TI cresceu exponencialmente.
– Analistas de dados: A análise de informações eletrônicas tornou-se uma profissão valiosa.
4. Quarta Revolução Industrial (Atualidade)
A Quarta Revolução Industrial é marcada pela convergência de tecnologias digitais, inteligência artificial, Internet das Coisas (IoT) e automação avançada. Os efeitos nos empregos continuam a acontecer:
Empregos extintos:
– Trabalhadores de linha de produção: A automação robótica substitui muitas tarefas manuais.
– Motoristas de caminhão: A condução autônoma ameaça empregos no transporte rodoviário.
Empregos criados:
– Engenheiros de IA: A inteligência artificial requer especialistas para desenvolver e manter sistemas.
– Especialistas em cibersegurança: Com a crescente digitalização, a segurança da informação é crítica.
Fase | Início | Intervalo |
Primeira Revolução Industrial | 1760 | 110 anos |
Segunda Revolução Industrial | 1870 | 80 anos |
Terceira Revolução Industrial | 1950 | 61 anos |
Quarta Revolução Industrial | 2011 | ? |
É possível perceber que o ritmo em que encontramos grandes marcos está se acelerando. A cada Revolução Industrial, vemos uma transição de empregos manuais para empregos mais especializados e tecnologicamente avançados.
Na importação, por exemplo, eram necessárias várias planilhas para documentar os processos. Agora, com um sistema especializado em importação, é muito mais rápido emitir e gerenciar documentos. Embora a automação tenha eliminado algumas ocupações, ela também possibilitou novas vantagens, como a economia de tempo, neste caso.
Em um mundo em constante evolução tecnológica, a habilidade de manusear e integrar essas inovações é crucial para a manutenção da relevância profissional. A automação e a inteligência artificial podem aumentar a eficiência e produtividade, mas a habilidade humana de compreender, direcionar e humanizar essas tecnologias é essencial para assegurar o sucesso.
Ao investir em habilidades complementares, como pensamento crítico, criatividade e habilidades interpessoais, os indivíduos podem aproveitar as vantagens tecnológicas sem serem suplantados por elas. A parceria entre o homem e a tecnologia, quando estrategicamente aproveitada, não apenas preserva empregos, mas também promove um ambiente de inovação sustentável e equilibrado.
Estamos na Indústria 5.0?
Você pode estar se perguntando: “Mas já estamos na Indústria 5.0?”. Quando falamos de evolução tecnológica, é interessante lembrar da Lei de Moore. A Lei de Moore, formulada por Gordon Moore em 1965, previu que o número de transistores em um micro chip dobraria a cada dois anos, aumentando significativamente o poder de processamento dos computadores.
Essa previsão tem se mantido surpreendentemente precisa ao longo das décadas, e é citada de maneira recorrente como uma representação da rápida evolução tecnológica. No entanto, o que a Lei de Moore realmente nos ensina é que a evolução tecnológica é exponencial, e não linear.
A evolução exponencial na tecnologia significa que o progresso não ocorre de forma constante, mas sim em um ritmo que acelera com o tempo. Em contrapartida, a progressão linear se daria em um ritmo constante e previsível. A Lei de Moore demonstra que a tecnologia está avançando a uma taxa exponencial, e isso tem profundas implicações em nossa sociedade e economia.
O que é a Indústria 5.0?
A Indústria 5.0 é um conceito que representa a próxima fase da evolução na indústria, seguindo a sequência das Revoluções Industriais. Ela está intrinsecamente ligada à automação avançada, à digitalização e à integração de tecnologias emergentes, como a Internet das Coisas (IoT), a inteligência artificial (IA) e a computação em nuvem, para otimizar processos de fabricação e melhorar a produtividade.
A nova era industrial origina-se do desenvolvimento de tecnologias 4.0, em particular nas áreas de ICT (Tecnologias da Informação e Comunicação), IA e robótica. Juntas, elas estão levando à criação e a consolidação do que chamamos de CPS (Cyber Physical System ou sistemas ciberfísicos), bem como de dispositivos IoT cada vez mais poderosos.
A Indústria 5.0 é caracterizada pela união das máquinas e seres humanos, com o objetivo final de dar valor agregado à produção, criando produtos personalizados e capazes de atender às necessidades específicas dos clientes. O surgimento dessa evolução da indústria é um avanço recente na era da digitalização das organizações. Podemos considerar que sua origem foi um ponto de virada nas tendências tecnológicas das empresas.
Do mesmo jeito que as indústrias divergem entre si, os movimentos de digitalização também divergem em relação à adoção tecnológica. É impossível não olhar para uma grande empresa da indústria, como a Tesla Motors, a Apple ou a Boeing, e não apontá-las como precursoras da Indústria 5.0.
É o caso emblemático da Tesla, que possui na personalização de seus veículos elétricos um dos principais diferenciais perante o mercado. Agora pense naquele consultório médico que você frequenta desde criança, cuja secretária ainda utiliza fichas de papel. Ele sequer chegou à indústria 3.0.
Já para empresas importadoras, a Indústria 5.0 promove a integração de tecnologias avançadas para otimizar processos e impulsionar a eficiência. Por exemplo, antes levava-se dias para emitir uma nota fiscal de importação, gerando atrasos e custos adicionais. Agora, com apenas uma tecnologia especializada, como o Mainô, é possível emiti-la em até dois minutos.
Principais características da Indústria 5.0
1. Colaboração homem-máquina: A Indústria 5.0 busca uma maior integração entre seres humanos e máquinas, com o objetivo de combinar a criatividade, a capacidade de resolução de problemas e a intuição humanas com a eficiência, a precisão e a velocidade das máquinas. Os trabalhadores interagem mais ativamente com robôs e sistemas autônomos no ambiente de trabalho.
2. Sustentabilidade: A Indústria 5.0 enfatiza práticas mais sustentáveis, incorporando tecnologias verdes e promovendo a eficiência energética.
3. Reskilling e upskilling: Como os papéis dos trabalhadores estão mudando, a Indústria 5.0 enfatiza a importância da educação e do treinamento para garantir que os profissionais estejam aptos a lidar com as novas tecnologias e desafios da manufatura.
4. Customização em massa: A produção personalizada é uma das ênfases da Indústria 5.0. Através do uso de tecnologias avançadas, as empresas podem atender às necessidades individuais dos clientes de forma mais eficiente, criando produtos altamente personalizados em escala.
5. Produção descentralizada: A descentralização da produção é promovida, o que significa que as fábricas podem ser mais próximas dos mercados ou dos consumidores finais, reduzindo os custos de transporte e aumentando a eficiência.
Dessa forma, a Indústria 5.0 representa uma visão avançada da fabricação, na qual a tecnologia é usada para melhorar a colaboração entre humanos e máquinas, personalizar a produção e criar um ambiente mais eficiente e sustentável. Ela aborda a necessidade de um equilíbrio entre a automação e a capacidade humana, buscando um futuro de produção mais eficaz e personalizado, ao mesmo tempo em que prioriza a sustentabilidade e a formação contínua dos trabalhadores.
Conceitualmente, não são conteúdos opostos ou com características geracionais (onde um acaba, o outro começa). É por isso que vemos tanto iniciativas 4.0 como 5.0 acontecendo ao mesmo tempo.
Foi algo que um estudo, comissionado pela European Comission, identificou. De acordo com o estudo, a indústria tem potencial “para atingir objetivos sociais além de empregos e crescimento para se tornar um provedor resiliente de prosperidade, fazendo com que a produção respeite os limites de nosso planeta e colocando o bem-estar do trabalhador no centro do processo de produção“.
Exemplos de aplicação de conceitos da Indústria 5.0
A lista de tecnologias envolvidas na Indústria 5.0 é ampla, e muito semelhante à Indústria 4.0. A diferença é na abordagem mais centrada no ser humano. São elas:
– Biotecnologia;
– Dark Analytics;
– Nanotecnologia;
– Edge Computing;
– Machine Learning;
– Manufatura aditiva;
– Robótica avançada;
– Business Intelligence;
– Computação quântica;
– IOT – Internet of Things;
– IA – Inteligência Artificial;
– Cobots – Robôs colaborativos;
A implementação da Indústria 5.0 requer paciência, visto que trata-se de uma mudança jamais vista: a cooperação total entre humanos e máquinas. Por isso, essa jornada apresentará alguns desafios bastante específicos:
Força de trabalho: seus funcionários terão que desenvolver novos conjuntos de habilidades, entendendo ainda como cooperar com robôs e máquinas em um chão de fábrica quase “híbrido”. Falamos de soft skills, habilidades técnicas e programáticas.
Adoção de novas tecnologias: a Indústria 5.0 apenas funcionará com a adoção de novas tecnologias. E você sabe: esse é um processo que pode demandar esforço e tempo.
Necessidade de investimentos: e claro, falamos também do fator dinheiro. Um cobot, robô colaborativo, não é algo totalmente acessível a todas as empresas. Melhorar as linhas de produção pode levar certo tempo e demandar maiores investimentos.
Exemplos de aplicação de conceitos da Importação 5.0
A importação 5.0 acontece conforme adotamos tecnologias relacionadas a indústria 4.0 com a visão de colaboração entre homem e tecnologia. São possíveis exemplos:
- O dark analytics pode ser utilizado para analisar dados não estruturados, como dados de redes sociais e mídias digitais. Esses dados podem ser utilizados para identificar tendências e oportunidades de importação. Por exemplo, o dark analytics pode ser utilizado para identificar novos mercados para produtos brasileiros.
- Machine learning pode ser utilizado para automatizar o processo de classificação de mercadorias.
- A robótica avançada pode ser utilizada para automatizar tarefas relacionadas ao carregamento e descarregamento de mercadorias. Isso pode melhorar a eficiência e a segurança das operações.
- A IOT pode ser utilizada para monitorar o status de mercadorias durante o transporte ou para rastrear o consumo de energia em armazéns.
- Os robôs colaborativos são utilizados na importação para trabalhar em conjunto com os seres humanos na manipulação de produtos e na automação de tarefas repetitivas em locais como portos e centros de distribuição.
Especificamente sobre IA:
- A IA é usada na importação para prever demandas futuras com base em dados históricos, otimizar a roteirização de transporte e até mesmo detectar anomalias que podem indicar problemas durante o transporte.
- Criação de Conteúdo Escrito: IA generativa pode ser usada para gerar conteúdo escrito, como relatórios, artigos, descrições de produtos e até mesmo notícias.
- Chatbots baseados em IA generativa podem fornecer respostas mais naturais e interações mais ricas com os clientes.
- A IA generativa é usada em sistemas de tradução automática que permitem a tradução de conteúdo em tempo real, facilitando a comunicação em contextos internacionais.
- A IA generativa pode ser utilizada para realizar pesquisas de mercado de forma mais rápida e assertiva.
- Pode otimizar processos internos, como gerar relatórios de desempenho automaticamente e até mesmo automatizar o desenvolvimento de códigos e scripts.
Considerações finais sobre a Importação 5.0
A transição para a Importação 5.0 representa um marco significativo na evolução da gestão e operação de processos de importação. Ao incorporar tecnologias avançadas, como inteligência artificial, automação e big data, as práticas tradicionais são aprimoradas, resultando em maior eficiência, agilidade e precisão nas operações de importação.
O conceito da Importação 5.0 não apenas destaca a necessidade de adaptação a novos paradigmas tecnológicos, mas também ressalta a importância de um equilíbrio harmônico entre o potencial da automação e as habilidades inerentes aos profissionais.
No contexto da Indústria 5.0, a colaboração mais estreita entre seres humanos e máquinas é essencial. Enquanto a automação elimina algumas tarefas rotineiras, ela também impulsiona a criação de empregos mais especializados e a necessidade de um contínuo reskilling e upskilling.
Apesar dos desafios, como a necessidade de investimentos e a adaptação a novas tecnologias, a Importação 5.0 promete vantagens substanciais. A rápida emissão de documentos, otimização de processos logísticos e a capacidade de prever demandas futuras são apenas alguns exemplos dos benefícios que podem ser alcançados.
Por fim, a Importação 5.0 não apenas redefine a eficiência operacional, mas também aponta para um futuro onde a colaboração inteligente entre a expertise humana e as inovações tecnológicas impulsiona um comércio internacional mais eficaz, sustentável e adaptável.