O frete marítimo, nos últimos dois anos, tem sido motivo de muita dor de cabeça para quem atua no comércio exterior. As paralisações devido ao coronavírus causaram grande impacto nesse setor, o que gerou muitos prejuízos financeiros por todo o mundo. A principal consequência foi a alta do preço do transporte marítimo. Atualmente, o frete de um contêiner para China pode chegar a US$ 10.000.
Neste artigo, vamos te explicar os motivos do encarecimento do frete, dicas para lidar com essa situação e as expectativas para os próximos meses!
O que você verá:
- Como a pandemia da Covid-19 impactou esse setor?
- Por que o frete marítimo está tão caro?
- Expectativas para os próximos meses
Como a pandemia da Covid-19 impactou esse setor?
Desde 2020, a pandemia tem sido a grande responsável pela crise que envolve o transporte marítimo. Com o lockdown, muitos portos fecharam ou operaram com mão de obra reduzida e inúmeras restrições. Além disso, os tripulantes dos navios precisaram ficar de quarentena durante duas semanas antes de desembarcarem.
Consequentemente, as filas de espera para a atracagem ficaram gigantescas. O congestionamento dos portos prejudicou muito a logística internacional, já que o atraso no embarque e desembarque de cargas travou a liberação de contêineres. Por esse motivo, os custos de armazenagem elevaram-se, gerando despesas não esperadas.
Outros problemas foram a omissão de escalas e o “black sailing”. O primeiro trata-se de uma mudança no cronograma do navio em razão de algum imprevisto, o que faz as operações comerciais atrasarem. Já o segundo, ocorre quando a viagem inteira é cancelada e as escalas não são cumpridas.
O colapso sanitário pegou de surpresa todos os importadores e exportadores. Esses profissionais tiveram gastos inesperados, perda de mercadorias e de dinheiro. Até hoje, a capacidade de transporte ofertada não consegue suprir o necessário para equilibrar o mercado.
Por que o frete marítimo está tão caro?
Além das consequências da Covid-19, existem outros fatores que influenciam o preço alto do transporte hidroviário. Em março de 2021, um dos maiores navios porta-contêineres do mundo, o Ever Given, encalhou no canal de Suez, rota marítima estratégica que conecta o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo.
Para se ter noção, de acordo com dados do Lloyd’s List Intelligence, o tráfego diário em Suez é avaliado em 9,6 bilhões de dólares. Mais que mercadorias, o percurso também é utilizado para transportar barris de petróleo, gás natural liquefeito e biodiesel.
Como visto na fotografia acima, o Ever Given parou de forma que o trânsito do canal ficou bloqueado. Um dia antes da liberação, havia 369 embarcações presas no engarrafamento (veja a ilustração abaixo).
A rota do Cabo da Boa Esperança foi a saída utilizada por algumas empresas para escapar desse contratempo. Entretanto, o trajeto contorna todo o continente africano, o que traz a necessidade de mais combustível e soma oito dias no tempo total de viagem. Em resumo, custos extras e período de navegação maior.
Dessa forma, agravou-se a escassez de contêineres vazios, que já ocorria graças a pandemia. Havia muita demanda e pouca oferta, pois, com o encalhe, grande parte desses bunkers estavam presos nos transportes parados. Esse obstáculo também impedia a liberação de espaço nos navios para embarcar novas cargas. Assim, o preço do frete marítimo disparou.
Em dezembro de 2021, para fretes de importação da Ásia, o contêiner Dry de 40 pés chegou a custar US$ 12.950. Apesar de algumas quedas nos meses seguintes, voltou a crescer e atualmente ultrapassa os US$ 10.000.
Evolução dos fretes de exportações partindo do Brasil
Nas exportações, o cenário também é motivo de preocupação. Em 2020, os preços não ultrapassavam os US$ 3.000. Com os acontecimentos em Suez, em março de 2021, é possível observar os valores dos fretes crescendo desordenadamente nos meses posteriores.
Expectativas para o próximos meses
Ainda em 2022, os efeitos causados por esses dois episódios não foram superados. O congestionamento do porto de Xangai – o maior do mundo -, em virtude do lockdown decretado pelo governo chinês, também afetou significativamente o ramo. O valor médio de um contêiner permanece na casa dos US$10.000.
A resolução deste quadro se dará a longo prazo, mas espera-se que, nos meses que vem a seguir, a balança entre oferta e demanda se equilibre. No entanto, não pense que os preços voltarão aos níveis pré-pandêmicos tão cedo. A alta do dólar, conflitos, como a guerra na Ucrânia, e novas quarentenas na China podem atrasar a recuperação ou até piorar a crise.
A melhor estratégia de gestão para lidar com esta conjuntura é ter reservas em dólar e um bom fluxo de caixa. Você pode comprar dólares em momentos de queda e de maior volatilidade, utilizar o câmbio futuro para fixar o preço do dólar para, assim, não ter surpresas desagradáveis.
As circunstâncias mudam muito rápido, então é fundamental que a empresa que trabalha com frete internacional esteja preparada para enfrentar diferentes adversidades e, assim, conseguir repassar produtos com valores bons ao consumidor final.
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